"Estes (e outros) organismos, apesar de inúteis, jamais serão extintos. Porque garantem milhares de “tachos” a boys partidários, manipulam orçamentos milionários e são garante dos poderes partidários que capturaram a nossa democracia."
Nulidades de Estado
São às dezenas e enxameiam a
política nacional: organismos
ditos essenciais, constituídos
por personalidades que se
acham insubstituíveis, e que, na prática,
não servem para nada, só estorvam. Temos, por exemplo, o Conselho de Estado,
órgão de aconselhamento do Presidente,
que é constituído pelas principais figuras
do Estado. Acolhe todas as sensibilidades
da corte, que vão da esquerda caviar de
Francisco Louçã, à direita lobista de Lobo
Xavier. Os conselheiros dão pareceres,
que, não sendo vinculativos, são ignorados por Marcelo. Os conselheiros sujeitam-se ao papel de meras figuras decorativas. O Conselho é um órgão sem função, deveria ser abolido.
A sua inutilidade é comparável à do Comité Económico e Social. Neste têm assento sindicatos, associações patronais,
instituições de solidariedade e outros interesses corporativos. Emite pareceres
sobre matéria legislativa, que o Parlamento olimpicamente ignora. Resultado
prático: zero!
Há, por outro lado, organismos que,
tendo uma missão atribuída, não a cumprem, revelando-se tão supérfluos como
os anteriores. É o caso do Conselho de
Prevenção da Corrupção. Estabelecido
em 2008, treze anos volvidos, a sua actividade foi patética: promoveu a elaboração, pelos organismos da administração
pública, de milhares de planos de prevenção da corrupção… que jamais foram
implementados. Inoperantes são também algumas entidades reguladoras que
nada regulam, como, entre outras, a ASF
(Autoridade de Supervisão de Seguros),
que se limita a registar, de forma acrítica,
a actividade das seguradoras, ignorando
o interesse dos segurados. Igual postura tem a ERSE, na energia, ou a ERC, nos
media. Entidades efectivamente reguladoras são honrosas excepções. Há ainda
os organismos nados-mortos. É o caso
das 21 comunidades intermunicipais
(CIM), criadas do Minho ao Algarve, há
mais de dez anos; deveriam ter assumido
competências das comissões de coordenação (CCDR), no pressuposto de que estas iriam ser extintas. Mas as CCDR mantêm-se e as CIM sobrevivem também.
Estes (e outros) organismos, apesar
de inúteis, jamais serão extintos. Porque garantem milhares de “tachos” a
boys partidários, manipulam orçamentos milionários e são garante dos
poderes partidários que capturaram a
nossa democracia.--Paulo Morais
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