É compreensível que o Brasil precise manter liderança na América do Sul, mas não precisa assumir as ações das ditaduras
O medo
das urnas
Mesmo que Maduro não fosse seu candidato preferido, o presidente Lula estaria agora mais
empenhado do que nunca na sua vitória para não
ter que enfrentar o dilema de quem se mete a apoiar
ditadores: evitar o “banho de sangue” prometido
pelo ditador venezuelano em caso de derrota. Caso
o revés venha, o que não parece impossível a esta altura, o presidente brasileiro, que se diz um democrata, terá que intervir para que a Venezuela não se
torne uma ditadura escancarada.
Não que Lula não apoie ditaduras, como mostra seu
comportamento com Cuba ou Nicarágua. Esses três
exemplos, aliás, são de países que fizeram revoluções
de esquerda para afastar governos autoritários de direita, presumidamente para defender o povo explorado, no que foram apoiados entusiasticamente em
determinado momento histórico. Agora são eles os
ditadores de esquerda que exploram o mesmo povo.
De heróis passaram a vilões, e colocam governos como o de Lula em uma enrascada: como dizer-se um
democrata quando os amigos se tornam ditadores?
Lula, sem ter o que dizer diante da ameaça de Maduro de que sua derrota poderá gerar “um banho de sangue”, saiu-se com essa:“Eles que elejam quem eles quiserem”. Como assim, se os principais líderes oposicionistas da Venezuela estão presos ou impedidos de disputar a eleição presidencial? Mesmo assim, o oposicionista que sobrou, EdmundoGonzález,tem chances
reais de vencer as eleições, e por isso Maduro espalha
suas ameaças dias antes do pleito.
O assessor especial de Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, que hoje assume o papel que
um dia já foi de Marco Aurélio Garcia quando Amorim era o chanceler brasileiro, tentou
amenizar a fala de seu malvado preferido, dizendo que Maduro se expressou
mal ao falar em “banho de sangue”,
quando queria se referir à luta de classes.
Mesmo que tivesse sido um ato falho, revelaria o que Maduro pensa da “luta de
classes”, uma associação da guerra como
a continuidade da política por outros
meios, como já disse Clausewitz.
Fica cada vez mais difícil para o governo brasileiro sustentar que naVenezuela há “democracia até demais”,
como já disse Lula. Uma frase como a dita por Maduro
elimina qualquer possibilidade de classificá-lo como
“um democrata”, ou seu governo como uma “democracia”. O “banho de sangue”prometido, quando as pesquisas eleitorais mostram a oposição com praticamente
60% dosvotos, pode vir a ser uma desculpa para adiar as
eleições do dia 28, o que escancararia o caráter simplesmente simbólico da ida às urnas, pois o resultado contrário ao governo não seria aceito.
Já o fato de não ser possível a Maduro organizar uma
eleição em que ele não correria chance de perder, como fazem outras ditaduras pelo mundo, é um sinal de
sua fraqueza política. Se saberá qual a fortaleza militar quando se aproximarem as eleições, e as pesquisas
continuarem a prever uma vitória da oposição longe
de um empate técnico.
É certo que o pragmatismo na política externa é incontornável, por isso a chamada maior democracia
do mundo, os Estados Unidos, se submetem a uma
relação assimétrica com a Arábia Saudita, por exemplo, tendo dado imunidade ao ditador Mohammad
bin Salman, acusado pelo assassinato do jornalista
Jamal Khashoggi. Mas, pelo menos, os órgãos de inteligência dos Estados Unidos desvendaram o caso e
divulgaram relatórios, e nunca nenhum dirigente
americano garantiu que a Arábia Saudita era uma
democracia. É compreensível que o governo brasileiro, qualquer governo que se guia pelas regras internacionais, precise manter sua liderança na
América do Sul, mas para tal não é preciso assumir
as vergonhosas ações das ditaduras. (transcrito do jornal O GLOBO)https://www.sejda.com/pdf-to-jpg
Brasileiradas? Não há outras merdas aqui para denunciar?
ResponderEliminarClaro que temos as merdas comunadas e ninguém fala?
EliminarTalvez por haver essa estrumeira a começar no pravda.....
La españa de pedrito sánchez va camino de venezuela.....
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