Um polícia recebeu ordens do comandante da PSP de Lisboa para registar a Revolução. As imagens inéditas agora reveladas mostram a queda do regime vista por quem perdeu. A misteriosa história das fotografias sem cravos nem festa, mas com vinho e fogo.
....“TODOS OS DIAS FOTOGRAFAVA PRESOS, ÀS VEZES ERAM MAIS DE 30, E CAÍA EM MIM A RESPONSABILIDADE PARA QUE NÃO ACONTECESSEM ERROS. LIDEI COM TODA A ESPÉCIE DE CADASTRADOS”, CONTA ZACARIAS FERREIRA.
Naquele outubro de 1972, Zacarias teria um papel determinante. O funeral de Ribeiro dos Santos transformara-se numa grande manifestação de protesto contra o regime e numa forte ação de resistência às forças policiais. Milhares de pessoas juntaram-se à porta da casa onde o jovem vivia, para lhe prestar homenagem. Panfletos foram espalhados pela cidade, anunciando a manifestação, mas a PIDE e a polícia de choque cercaram o local e apoderaram-se da urna, desencadeando uma reação vio lenta da multidão, que seguiu os operacionais até ao Cemitério da Ajuda, também cercado pela polícia. Apesar dos 87 anos, a memória de Zacarias ainda é aguda, recorda-se, por exemplo, que o funeral de Ribeiro dos Santos “foi numa quinta-feira”No livro “Polícia(s) e Segurança Pública — História e Perspetivas Contemporâneas”, coordenado por Maria Fernanda Rollo, Pedro Marques Gomes e Adolfo Cueto-Rodríguez, fica evidente a forma como a generalidade da população olhava para as forças policiais. A primeira Companhia Móvel da Polícia foi criada pela PSP em 1960. Zacarias integrou este corpo um ano mais tarde. Quando a companhia surgiu veio “motorizada, treinada e equipada com modernos meios para eliminar as perturbações públicas que surgiam em qualquer ponto do país”, como se pode ler na obra citada. Onde pode ler-se ainda que a PSP era um “braço do Estado, um dos principais instrumentos de vigilância da população e responsável pela ordem pública nas zonas urbanas”, e que “chega a 1974 claramente associada à repressão e violência devido ao seu passado de estreita colaboração com a ditadura.” A edição de março/abril da revista interna da corporação, intitulada “Polícia Portuguesa”, refere mesmo que a PSP era “tida como força repressiva e fascista” e que aparecia com “uma imagem denegrida, por virtude de certos desvios e desmandos graves que se cometeram, desvirtuando a sua missão específica de força eminentemente cívica, em obediência a uma ordem político-jurídica instituída, que dela fez, como de outras forças, um instrumento da sua política.”
Mais um cagão do 25 de Abril
ResponderEliminarPara quem tem saudades do Fascismo, você tem duas soluções: mande bocas anonimamente e seja um bufo na Madeira. O sistema recompensa-o!
EliminarAinda não foi emitido um mandato de captura para os comunas cá do sítio ?
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