domingo, 4 de dezembro de 2016

O comendador Rui Nepomuceno escreve sobre o revolucionário Fidel de Castro

Hasta La Victoria, Siempre!
Escreve o comendador Rui Nepomuceno
1º- A morte física de Fidel de Castro, uma das grandes referências da minha juventude, e um dos lutadores humanistas e comunistas que mais admirava, pelo grande patriotismo, pela heróica luta libertadora do seu povo e de todos os povos do Mundo, e por uma incansável batalha em prol duma sociedade justa, fraterna e solidária; deixou-me um sentimento de profundo pesar e de imensa perda, muito semelhante ao que havia sentido pelo falecimento do meu saudoso amigo e camarada Álvaro Cunhal.
De facto, ainda estudante na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e no rescaldo da campanha eleitoral do general Humberto Delgado para a Presidência da República, na qual com muito empenhamento participei no combate pelo fim da ditadura salazarista e pela conquista das Liberdades e da Democracia; assisti com entusiasmo aos destemidos combates desenvolvidos nas montanhas de Cuba, por um punhado de patriotas revolucionários comandados por Fidel de Castro, a que se juntavam centenas de camponeses explorados e oprimidos, em heróica oposição contra a sangrenta ditadura militar fascista de Fulgêncio Batista, títere fantoche dos EUA.
Cuba era então pouco mais do que um parque de diversões e jogatina, quintal de mafiosos, proxenetas e corruptos, bordel de luxo dos norte-americanos que se embebedavam com o afamado rum e  fumavam os seus famosos charutos, autêntico paraíso fiscal onde exploravam, desafogadamente, latifúndios de cana-de-açúcar, e grande parte das suas riquezas.
Ficou-me na memória a entrada triunfal em Havana dos barbudos guerrilheiros das hostes  de Fidel de Castro e Che Guevara, saudados em delírio por milhares de oprimidos, pobres e explorados, que recuperavam a Liberdade e a Esperança, sucedendo a caravana triunfal da Libertação, que percorreu toda a ilha, num abraço fraterno a todo o seu entusiasmado povo.
Seguiu-se a expulsão dos gringos dos casinos e dos prostíbulos; a debandada de prostitutas, proxenetas, corruptos, e mafiosos; a distribuição de terras pelos famintos camponeses; e o início das nacionalizações dos sectores estratégicos da economia, que foram postos ao serviço do desenvolvimento e da satisfação das necessidades da população, sobretudo dos mais necessitados.
2º- Pouco depois, os gananciosos imperialistas norte-americanos, que graças à luta patriota e revolucionária de Fidel de Castro, deixaram de poder saquear à tripa-forra o povo cubano, proibiram a importação do açúcar da ilha, e logo em 1962, decretaram o criminoso embargo económico e o boicote que ainda hoje perdura, impedindo o heróico povo de Cuba de poder comerciar com a maior parte dos estados do Mundo.
E como nem assim conseguiram derrotar a consciência e o fervor revolucionário de Fidel de Castro e do seu povo, nem implantar em Cuba as terríveis ditaduras militares que haviam ajudado a criar no Brasil, no Chile, e na Argentina, tentaram invadir e ocupar a ilha com forças militares e mercenários, que depois de duros combates foram vergonhosamente derrotados na Baía dos Porcos, pela Forças Armadas cubanas e pela população que os expulsou na luta heróica pela defesa da Revolução e do Socialismo.
Depois desta humilhante derrota, o imperialismo dos EUA continuou a ocupar a base de Guantánamo, na qual instalaram uma tenebrosa e fétida prisão onde torturam lotes de presos políticos;  a CIA multiplicou numerosas agressões terroristas contra o território de Cuba, e centenas de atentados à vida de Fidel de Castro, enquanto, diariamente, canais da TV emitiam de Miami, todo o tipo de miseráveis desinformações, ameaças, e calúnias contra a revolução cubana.
3ª- Inquebrantável, apesar do boicote e de todas aquelas dificuldades, Fidel de Castro prosseguiu as árduas tarefas da implantação do socialismo e do desenvolvimento de Cuba, ao mesmo tempo que ajudava com médicos, pedagogos e professores outros países da América Latina e do Mundo; dando exemplos de admirável e maravilhosa solidariedade, como por exemplo, recebendo e socorrendo nas praias ricas em iodo da estância de Tarara, mais de 25.000 inditosas crianças vítimas do desastre nuclear de Chernobyl, a quem com muito carinho e afecto, prestaram preciosos cuidados médicos, que lhes restituíram a saúde e a alegria de viver.
Outro assombroso legado de Fidel de Castro, foi a coerência com que realizou os generosos princípios do internacionalismo comunista, sobretudo o seu glorioso papel e o de Cuba para ajudar a libertar África das trevas de séculos de escravatura e colonialismo, libertanto a Namíbia, e contribuindo com os seus corajosos e magnânimos soldados, para terminar com dezenas de anos de ignominioso “apartheid”,  bem como finalizar o martírio da criminosa prisão de Nelson Mandela.
4ª- Mas, o verdadeiro prodígio da obra imortal de Fidel de Castro, foi o de ter vencido toda a sorte de sacrifícios e boicotes com que o imperialismo capitalista o penalizou, ter conseguido devolver a soberania, a dignidade e a justiça social ao povo cubano, que hoje tem o orgulho de ter erradicado o analfabetismo e a miséria, sendo já o País mais avançado da América Latina, que ultrapassou grande parte dos estados ditos “democratas” e desenvolvidos, na realização da saúde infantil e materna, no tratamento gratuito das enfermidades oculares, do HIV, do cancro, e doutras horrorosas doenças; e de ter ainda proporcionado a todos os seus cidadãos, instrução gratuita e de grande qualidade, bem como esmerada e desenvolvida educação e cultura.
Hoje, por todo o planeta milhões de crianças vivem desprotegidas e famintas  nas ruas, mas nenhuma delas é cubana; hoje, muitos milhares de jovens são explorados como mão-de-obra barata e esfomeada nas multinacionais capitalistas, mas nenhum deles é cubano; hoje, milhares de crianças são analfabetas e carentes, mas na pátria de Fidel beneficiam de cuidadosa alimentação, sabem ler e escrever e frequentam um dos melhores sistemas escolares do mundo; hoje, enquanto os seus detratores enviaram tropas, armas, e morte pelo mundo, Cuba mandou 30.000 médicos em missões humanitárias a 68 países; hoje, enquanto milhões de seres humanos morrem em toda a terra por falta de assistência médica, e por não terem com que pagar medicamentos, Cuba tem um médico grátis por cada 130 habitantes, e também remédios gratuitos, que proporcionam uma expectativa de vida de 79 anos para o seu povo, que é a maior da América e uma das maiores a nível mundial.
5º Embora não haja maior fracasso  e vilania do que difamar e vangloriar-se da morte daqueles que não puderam ser vencidos em vida, muitos dos videirinhos que reivindicavam que Fidel de Castro implantasse em Cuba uma “democracia” semelhante à que Allende executou no  Chile, onde acabaria por ser derrotado e aniquilado, vêm agora difamar o Comandante de ter implantado uma rígida ditadura em Cuba, quando o certo é que ali tem sido exercida uma democracia participativa, onde são eleitos pela população o Governo e todos os dirigentes dos serviços periféricos da administração.
Não percebem ou fingem não perceber, que um país vítima de um criminoso boicote que há mais de 50 anos os impede de comerciar com a maior parte dos países do globo, que tem sido constantemente ameaçado e agredido pela maior potência militar do mundo, e ainda fustigado com centenas de ataques  terroristas, incluindo 638 atentados contra a vida de Fidel de Castro; para conseguir sobreviver de forma digna, soberana e independente, tem de estabelecer um regime militarizado, muito vigilante e musculado.
De modo que Cuba não será, nem poderia ser um paraíso na Terra, mas também não é um inferno como muitos dos seus detratores da direita gostariam que fosse. (Funchal-Notícias)
Estadão

A clássica prova pedestre Câmara de Lobos-Funchal, realizou-se hoje

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