terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

GRANDE E HERÓICA MULHER, VÍTIMA DO DIABÓLICO NAZISMO

OLGA BENÁRIO PRESTES

Nasceu em Munique a 12 de Fevereiro de 1908 e foi morta pelos nazis em Bernburg a 23 de Abril de 1942.
Olga Benário foi uma jovem militante comunista alemã, de origem judaica, deportada do Brasil para a Alemanha durante o governo de Getúlio Vargas, onde veio a ser executada pelo regime nazista num campo de extermínio.
 Olga foi para o Brasil na década de 1930, numa tarefa da Internacional Comunista, para apoiar o Partido Comunista Brasileiro.
 Destacada como guarda-costa de Luís Carlos Prestes, apaixonaram-se e tornou-se sua companheira, tendo com ele uma filha, Anita Leocádia Prestes, ainda viva e activista do Partido Comunista Brasileiro.
Olga Benário era filha do advogado Leo Benário e de Eugénie Gutmann Benário, uma família judia alemã de classe média.

Ingressou ainda jovem no movimento comunista, em 1923, com apenas quinze anos, juntando-se a organização juvenil do Partido Comunista Alemão (KPD), a Liga Juvenil Comunista da Alemanha (KJVD).
Pouco depois, mudou-se para Berlim com o então namorado Otto Braun, também militante comunista.
Após a queda da monarquia, instaurou-se um regime formalmente republicano na Alemanha, a chamada República de Weimar.
É num clima político de intensa luta de classes, que em Berlim, Olga desenvolve a actividade política.
Olga foi presa no mesmo dia que Braun, sendo acusados de alta traição à pátria.
Ela é solta, mas Braun, não. Junto com seus colegas de militância, planeiam então o assalto à prisão de Moabit para libertar Braun.
Logo depois, ambos fogem para a União Soviética, onde Olga, já como quadro valioso, recebe treino político-militar na Escola Lenin, trabalhando como instrutora da Secção Juvenil da Internacional Comunista.
Separa-se de Braun em 1931.
Luís Carlos Prestes, que desde 1931 estava a residir na União Soviética, em 1934 entra nos quadros do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Sendo eleito membro da comissão executiva da Internacional Comunista (IC), volta ao Brasil, via Nova Iorque, como clandestino, em dezembro do mesmo ano, acompanhado de Olga Benário, também membro da IC, passando-se por marido e mulher.
O seu objetivo era liderar uma revolução armada no Brasil.
Prestes seria acompanhado por um pequeno grupo de quadros, encarregados de auxiliá-lo na preparação da insurreição.
Eram eles Inês Tulchniska, Abraham Gurasky "Pierre", o alemão Arthur Ernst Ewert (que seria mais conhecido no Brasil por Harry Berger), sua esposa alemã de origem polaca Elise Saborovsky, o belga Leon Jan Jolles Vallée, Boris Kraevsky, o argentino Rodolfo José Ghioldi, Carmen de Alfaya, a própria Olga Benário, Johann de Graaf, Helena Kruger, Pavel Vladimirovich Stuchevski, Sofia Semionova Stuchskaia, Amleto Locatelli, "Marga", Mendel Mirochevski, Steban Peano, Maria Banejas, norte-americano Victor Allen Baron, Marcos Youbman, "Carmen".
Prestes e Olga chegaram ao Brasil com documentos falsos em abril de 1935, fingindo serem um casal português mas mantendo-se na clandestinidade. O país reconstitucionalizara-se desde 1934, mas com o Presidente Getúlio Vargas na situação ambígua de presidente eleito pelo voto indireto da própria Constituinte.
Os preparativos insurrecionais caminhavam quando, em novembro daquele ano de 1935, um levantamento armado ocorreu na cidade de Natal, motivado principalmente por factores locais.

Prestes ordenou, então, que a insurreição fosse estendida ao resto do país.
Porém, apenas algumas unidades militares de Recife e Rio de Janeiro se levantaram.
O governo brasileiro controlou a situação e desencadeou forte repressão sobre os setores oposicionistas. Deve-se lembrar que os planos de Prestes e Olga eram de tomar o poder de Vargas através de uma insurreição armada, e o governo não mediu esforços para suprimi-la.
Muitos líderes comunistas são presos, alguns deles amigos de Olga e Prestes, como o casal de alemães Artur e Elise Ewert, conhecida como Sabo. Ambos seriam brutalmente seviciados pela polícia brasileira, sob o comando de Filinto Müller e Artur perderia definitivamente sua sanidade mental no processo.
Durante alguns meses, Prestes e Olga conseguiram ainda viver na clandestinidade.
Em Março de 1936, foram capturados pela polícia.
Olga foi levada para a Casa de Detenção, posta numa cela junto com mais de dez mulheres, muitas delas suas conhecidas.
Neste momento, descobre estar grávida de uma filha de Luís Carlos Prestes.
Logo vem a ameaça de deportação para a Alemanha, sob o governo de Hitler.
Seria a morte para ela, pois era comunista e judia.
Começa na Europa um grande movimento pela libertação de Olga e Prestes, encabeçado por D. Leocádia e Lígia Prestes, respectivamente a mãe e a irmã de Luís Carlos Prestes.
Não obstante todos os argumentos legais, políticos e humanitários o Supremo Tribunal Federal aprovou o pedido de extradição dos nazis, Getúlio Vargas não decretou indulto como poderia fazer e a revolucionária Olga Benário, grávida, foi deportada para a Alemanha.
Anita ficou em poder da mãe na prisão nazi até ao fim do período de amamentação e, depois, foi entregue à avó, D. Leocádia, em consequência das pressões da campanha internacional dirigida, por Lígia Prestes e pela própria D. Leocádia, que morreria no exílio no México.
Olga foi transferida para o campo de concentração de Lichtenburg nos primeiros dias de março de 1938 e em 1939 seria transferida para o campo de concentração feminino de Ravensbrück.
Aqui, as prisioneiras viviam sob escravidão e eram sujeitas a experiências pelo médico nazi Karl Gebhardt . Há relatos de sobreviventes que contam que, durante o seu tempo em Ravensbrück, Olga organizou atividades de solidariedade e resistência, aulas de ginástica e história. Revolucionária até ao fim!
Com a Segunda Guerra Mundial e sem mais possibilidades de recursos à opinião pública, Olga seria um alvo óbvio para as políticas de extermínio nazis.
Na páscoa de 1942, já com 34 anos de idade e quase quatro anos depois de ter sido transferida para Lichtenburg, Olga foi enviada para o campo de extermínio de Bernburg, onde foi assassinada na câmara de gás em 23 de Abril de 1942, com mais 199 prisioneiras, dentre elas suas amigas Sarah Fidermann, Hannah Karpow, Tilde Klose, Irena Langer e Rosa Menzer.

Sem comentários:

Enviar um comentário