quinta-feira, 24 de maio de 2018

Homenagem a Júlio Pomar

Artista plástico, militante activo contra a ditadura, democrata e cidadão íntegro, Júlio Pomar morreu hoje em Lisboa aos 92 anos.

Júlio Pomar nasceu a 10 de Janeiro de 1926, em Lisboa, cidade onde frequentou a Escola António Arroio e depois a Escola de Belas Artes de Lisboa e do Porto, que abandonou em 1944 na sequência de um processo disciplinar. Expôs pela primeira vez, em grupo, em 1942, em Lisboa, e individualmente, em 1947, no Porto, onde apresentou desenhos.

No período pós II Guerra Mundial, Júlio Pomar foi influenciado por escritores neo-realistas como Alves Redol e Soeiro Pereira Gomes e por artistas plásticos como o pintor brasileiro Portinari ou os muralistas mexicanos Diego Rivera, Orozco e Siqueiros, usando a arte como forma de intervenção sócio-política.

Integrou o Movimento de Unidade Democrática (MUD) e participou nas lutas estudantis, o que lhe custou a expulsão da ESBAP e, em 1945, filiou-se na Juventudes Comunistas. Foi preso pela PIDE durante quatro meses na década de 40 por pertencer à direcção do MUD- Juvenil e viu a apreensão de um dos seus quadros pela polícia política e a ocultação dos frescos de mais de 100m2 realizados para o Cinema Batalha no Porto. Permaneceu em Portugal até 1963, ano em que fixou residência em Paris, num exílio que durou 20 anos.

Em 1945 dirige a página semanal de arte do diário A Tarde (Porto), onde divulga o trabalho dos muralistas mexicanos. Nos anos que se seguem colabora com críticas e textos de intervenção estética em revistas como Mundo Literário (1946-1948), Seara Nova, Vértice e Horizonte.

Em 1949 é afastado do lugar de professor de desenho no ensino técnico devido à sua participação na candidatura presidencial de Norton de Matos.
Além da vastíssima obra de pintura, desenho, escultura, cerâmica e gravura, Júlio Pomar escreveu "Catch Thème et Variation", "Discours sur la Cécité du Peintre", "...Et la Peinture?", os dois últimos traduzidos por Pedro Tamen com os títulos "Da Cegueira dos Pintores" e "Então e a Pintura", e duas colectâneas de poesias "Alguns Eventos" e "TRATAdoDITOeFEITO".

Júlio Pomar instituiu em 2004 uma Fundação com o seu nome. Em Abril de 2013 foi inaugurado o Atelier-Museu Júlio Pomar, criado pela Câmara Municipal de Lisboa, em edifício que adquiriu em Lisboa, reabilitado pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira.
(URAP)
Os 92 anos do artista que pintou de todas as maneiras from Público on Vimeo.

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