quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

A guarda (fascista) faz caça à multa em Alcanena. A população protesta

 Em Portugal sempre vivemos num estado policial. Foi assim no Estado Novo e continua assim na actualidade. As policias em vez de perseguirem e capturarem os criminosos viram-se contra os cidadãos de bem !

CATARINA EUFÉMIA 
A mártir de Baleizão
 Mortalmente baleada pela GNR em Baleizão, no dia 19 de maio de 1954, Catarina Eufémia tornou-se um símbolo da resistência antifascista. Aos 26 anos, a rapariga analfabeta, com um dos três filhos ao colo, encabeçou uma greve de assalariadas rurais na Herdade do Olival, como forma de protesto contra os pagamentos de miséria. O proprietário, Fernando Nunes Ribeiro, não esteve pelos ajustes e contratou jornaleiros nas proximidades para fazerem a campanha do trigo, prestes a começar. Naquele fatídico dia de maio, um grupo de mulheres avançou para a herdade, exigindo que o latifundiário mandasse embora o pessoal de fora. Assustado, um empregado da herdade partiu a correr para Beja, pedindo reforços. Uma força da GNR, comandada pelo tenente Carrajola, dirigiu-se ao local e, sem tentar entender o que se passava, disparou três tiros que atingiram Catarina pelas costas, à queima-roupa. A ceifeira teve morte imediata. Ao contrário do que foi inicialmente divulgado, a autópsia, revelada pelo médico legista após o 25 de Abril, confirmou que não estava grávida. Logo a seguir, a aldeia do Baleizão foi ocupada pela GNR, que decretou o recolher obrigatório. O funeral foi antecipado, mas geraram-se movimentos espontâneos de grande protesto e contestação popular, imediatamente reprimidos pelas forças policiais. O caixão foi transportado, sob escolta policial, para Quintos, onde Catarina vivia. Só depois do 25 de Abril de 1974 é que os restos mortais seriam trasladados para Baleizão. Durante a ditadura, Catarina tornou-se um dos símbolos da luta do PCP (também disputado pela UDP) nos campos do Alentejo. José Afonso contribuiu para o nascimento do mito, ao cantar: «Chamava-se Catarina/ O Alentejo a viu nascer.»


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