quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Camilo Mortágua o grande operacional antifascista que participou com Henrique Galvão no célebre sequestro do Santa Maria em 1961

Foi há 62 anos
O golpe ocorreu na noite de 21 para 22 de Janeiro de 1961, completaram-se há dias sessenta anos.
O navio largara de Lisboa para Miami no dia 9 desse mês, iniciando assim uma das suas habituais viagens turísticas pela América Central. No momento do ataque teria 612 passageiros a bordo, incluindo um numeroso contingente de norte-americanos, e 350 tripulantes. Estava no entanto longe da lotação esgotada, pois podia alojar 1200 passageiros.

 CAMILO MORTÁGUA 
 Entre aqueles que lutaram contra a ditadura do Estado Novo, destacou-se Camilo Mortágua. Homem de grande coragem, participou em alguns dos episódios mais vibrantes da Resistência contra o fascismo.

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 Nos golpes mais espectaculares que fizeram abanar a ditadura, figura uma história de acção directa contra o regime, protagonizada, com outros, por Camilo Mortágua: a “Operação Dulcineia”. Em Janeiro de 1961, foi comandada pelo capitão Henrique Galvão e inspirada pelo general Humberto Delgado. O desvio do paquete português «Santa Maria», foi o primeiro acto de pirataria dos "tempos modernos", que chamou a atenção da comunidade internacional para um país que se encontrava a ferro e fogo.
 Na madrugada de 22 de Janeiro de 1961, Camilo Mortágua integra o grupo de revolucionários que, sob o comando de Henrique Galvão, toma de assalto o paquete Santa Maria. A tomada do navio, que transportava 600 turistas em viagem para Miami e mais de 300 tripulantes, foi preparada na Venezuela pelo Directório Revolucionário Ibérico de Libertação (DRIL).

 Corria o mês de Novembro de 1961 quando, com Palma Inácio, Helena Vidal, João Martins, Amândio Silva e Fernando Vasconcelos, desviaram um avião da TAP. Quando o Super Constellation da TAP se aproximava de Lisboa, Palma Inácio entrou no cockpit e obrigou o piloto a desviar a rota. O avião da companhia aérea portuguesa fazia semanalmente a ligação entre Casablanca e Lisboa. O aparelho devia ter aterrado no aeroporto da Portela por volta das 11 horas. No entanto, nesse dia, foram 100.000 panfletos antifascistas, a apelar à revolta popular que caíram dos céus e aterraram em Lisboa, Setúbal, Barreiro, Beja e Faro. Os caças da Força Aérea não conseguem interceptar o avião, que regressa incólume a Casablanca.

Participou também, com João Varela Gomes e outros, no “Assalto ao Quartel de Beja” (1 de Janeiro de 1962).
Em 1967, o grupo confrontou-se com a necessidade de procurar financiamento para as suas operações. Começou assim a preparação do assalto à dependência do Banco de Portugal na Figueira da Foz, concretizada em Maio, com Camilo Mortágua, António Barracosa e Luís Benvindo.
Mais tarde, com Emídio Guerreiro e Palma Inácio, fundaria a LUAR.

Publicou as suas memórias. O primeiro volume (1934 a 1961) foi apresentado pelo historiador Luís Reis Torgal. O segundo volume abarca os anos de 1962 a 1977. "As pessoas são um bocado como as árvores. O que conta são as raízes, aquilo que absorvem e que as alimenta durante a vida", declarou o autor no lançamento do livro.

1 comentário:

  1. Que eu tenha conhecimento o Santa Maria não estava a fazer viagem turística, tinha saído do porto de La Guaira na Venezuela com destino à Madeira e trazia vários emigrantes e entre eles
    o meu saudoso pai, por força das circunstâncias o navio foi desviado para o porto de uma cidade brasileira que já não recordo o nome e daí foram transferidos para o navio Vera Cruz que os transportaram até à Madeira.

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