Já chega de parasitismo
Não raras vezes registamos comentários de estupefacção, sobretudo vindos de cidadãos oriundos de países nórdicos, perante situações de abusos da ‘coisa pública’ que fazem o nosso dia-a-dia. Não que sejam mais perspicazes que nós, mas apenas porque são muito menos displicentes na forma de encarar essas anomalias.
Nós, os sulistas, até temos por hábito vangloriar os ‘espertalhões’ que ludibriam as regras, que sugam recursos públicos, que parasitam os sistemas públicos. Há até quem se ponha em fila para cumprimentá-los, quase adulá-los, como que a subscrever e a validar as suas habilidades.
A crise por que passámos – e que ainda está aí para pagar – despertou algumas consciências. Afinal, agravaram os impostos a quem (ainda) trabalha, cortaram vários benefícios e obrigam-nos a pagar despesas que nunca fizemos. Como está a ‘chegar a dentro’, já vamos questionando porque é que chegámos a esta situação.
Aos poucos, muito lentamente, deixamos de achar piada a quem suga o erário e nos põe a pagar a factura.
Temos um longo histórico de situações anómalas, que poucos ousam questionar. Algumas dessas situações foram muito comentadas nas últimas semanas, normalmente por força da exposição nas páginas do DIÁRIO. Temos o caso dos professores… que não querem ser professores; falamos apenas dos que fazem tudo para estarem longe dos alunos – felizmente uma minoria que sobrevive à sombra dos bons profissionais que zelam efectivamente pela Educação nas escolas – e que os nossos impostos pagam, como se nos prestassem algum serviço.
Temos outros casos, mesmo nas ‘barbas’ dos departamentos públicos. Há gente com salários e outras mordomias em dia, que até se vangloria de nem por os pés nos serviços onde devia trabalhar. Figuras que até há pouco tempo tinham responsabilidades na primeira linha da governação, ou abrigados pelo círculo do poder anterior. Com outros exemplos ‘menores’ a acompanhar.
Denunciar todos estes abusos não pode ser confundido com a tradicional mesquinhez. Se alguém não comparece ao serviço público para dedicar-se aos seus afazeres privados, tem de ‘desamparar a loja’. A bem ou a mal. Não acham que já chega de sustentar todas estas formas de parasitismo?
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