O pensamento reacionário de António Barreto
Convidado a pronunciar-se sobre a crise, Antonio Barreto, numa extensa entrevista ao Diário de Noticias, e noutra, esta semana, à RTP, transmitida repetidamente na empresa estatal, confirmou ser um dos intelectuais mais representativos do pensamento reacionário português.
Apresentado pelo entrevistador como um homem de esquerda, o seu discurso foi, do início ao fim, o de um político ultramontano.
Não surpreendeu. Secretário de Estado no I Governo de Mário Soares, foi o responsável pela primeira ofensiva contra a Reforma Agrária. A famosa «Lei Barreto» que determinou a entrega de «reservas» aos latifundiários expropriados foi utilizada por sucessivos governos para destruir aquela grande conquista de Abril.
Na sua carreira no governo e no parlamento ficou bem retratado como aventureiro político, inteligente, ambicioso, mas sem escrúpulos. A convite de Cavaco, que muito o admira, foi presidente da comissão organizadora das comemorações do Dia de Portugal em 2011 e orador oficial no 10 de Junho.
Nestas duas entrevistas fez afirmações de um anticomunismo cavernícola que o colocam à direita de muitos dirigentes do PSD e do CDS.
Ao Diário de Noticias declarou que prefere «os credores aos comunistas», isto é a troika e a submissão ao imperialismo a qualquer tipo de colaboração com o PCP.
À RTP afirmou que não consegue enxergar diferença entre fascistas e comunistas, dizendo não perceber como conseguem estar representados em instituições democráticas.
Na abordagem de temas internacionais, revelou ignorância de questões fundamentais e debitou disparates como a afirmação de que «o Syriza queria fazer a revolução na Grécia». Ignora, ou simulou ignorar, que o Syriza é um partido burguês e que o próprio Varoufakis reconheceu em entrevista à Antena 1 que a sua ambição «era um capitalismo civilizado»
É oportuno recordar, para que a personalidade camaleónica de Antonio Barreto seja mais transparente para aqueles que lhe desconhecem a biografia e a trajetória política, que na juventude foi membro do PCP e rompeu com o partido alegando que não era suficientemente marxista e revolucionário.
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