sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Pablo Neruda bem pode ter sido assassinado pelo regime de Pinochet

Chile admite que Neruda pode ter sido assassinado por regime de Pinochet

Prêmio Nobel de Literatura morreu duas semanas depois de golpe de Estado de 1973

RIO — O governo chileno reconheceu que Pablo Neruda pode ter sido assassinado depois do golpe de Estado que levou o general Augusto Pinochet ao poder, em 1973. Em comunicado divulgado na última quinta-feira, o ministério do Interior e da Segurança Pública do país admite que considera a atuação de terceiros na morte do vencedor do prêmio Nobel de Literatura “claramente possível e altamente provável”.
Em carta enviada ao juiz que investiga a morte do poeta, emitida pelo Programa de Direitos Humanos do ministério, é indicado ainda quem apesar de Neruda sofrer de câncer de próstata, não foram tomados os procedimentos médicos e forenses para estabelecer a causa da morte na época.
Apesar desta constatação, o ministério destacou que as investigações ainda estão em curso e não há uma conclusão para o caso. "Dadas as persistentes dúvidas sobre a causa da morte de Neruda, o governo chileno, através do seu Programa de Direitos Humanos, estabeleceu dois painéis internacionais e interdisciplinares de especialistas — o último recentemente em outubro de 2015 —, para continuar realizando perícias que permitirão chegar a uma conclusão científica", diz o documento.
Pablo Neruda era mais conhecido por seus poemas de amor, mas também era um político de esquerda, diplomata e amigo próximo do presidente Salvador Allende, que cometeu suicídio para não se render às tropas durante o golpe de Estado de 11 de setembro liderado por Pinochet.
Apesar de ter sido diagnosticado com câncer pouco antes de morrer, o poeta, de 69 anos, pretendia ir para o exílio. Impressionado com a perseguição e assassinato de seus amigos, ele planejava continuar como uma voz forte de oposição à ditadura, mas fora do Chile.
Um dia antes da viagem, no entanto, o escritor foi levado de ambulância para a clínica Santa Maria, em Santiago, onde recebeu tratamento médico para o câncer e outras doenças. Neruda, então membro do Comitê Central do Partido Comunista e personalidade mais importante da intelectualidade chilena, oficialmente morreu em 23 de setembro de 1973, supostamente de causas naturais. Mas as suspeitas de que a ditadura tem algo a ver com a morte dele persistem até hoje.
Sua morte foi tão controversa que seu corpo foi exumado para análise em 2013. A tese dos que acreditam no assassinato é que uma injeção de substâncias não determinadas foi aplicada no abdômen do poeta. O motorista de Neruda, Manuel Araya, garantiu em várias ocasiões que o Nobel recebeu uma injeção fatal aplicada por agentes da ditadura que se infiltraram na clínica. Contudo, investigações anteriores não puderam comprovar o suposto envenenamento. Agora, o juiz que investiga o caso solicitou novos exames para detectar substâncias que não foram procuradas da primeira vez.


Ver mais no GLOBO

1 comentário:

  1. http://madeirensesemcultura.blogspot.pt/2015/11/diario-noticias-continua-ser-marioneta.html

    ResponderEliminar