sábado, 21 de janeiro de 2017

O procurador Joaquim Moreira da Silva processa por difamação os pais das vítimas do Meco

Escalada fascista da justiça portuguesa volta a subir um degrau, nem os familiares das vítimas do Meco escapam às garras da justiça salazarenga deste país.
Não só perderem os filhos em circunstâncias dúbias como agora arriscam ter de pagar uma indemnização ao procurador em questão por terem criticado a forma como decorreu a investigação da tragédia no Meco.
Estão-nos a usurpar liberdades fundamentais à essência do ser humano - o direito à indignação perante uma injustiça.
Primeiro os processos de difamação começaram aos jornalistas, depois aos políticos, agora já chega à sociedade civil. Chegamos ao cúmulo de ter uma mulher presa por delito de opinião. Isto é como disse Bertolt Brecht:
Primeiro levaram os comunistas,
Mas eu não me importei
Porque não era nada comigo.
Em seguida levaram alguns operários,
Mas a mim não me afectou
Porque eu não sou operário.
Depois prenderam os sindicalistas,
Mas eu não me incomodei
Porque nunca fui sindicalista.
Logo a seguir chegou a vez
De alguns padres, mas como
Nunca fui religioso, também não liguei.
Agora levaram-me a mim
E quando percebi,
Já era tarde.

Em 2014, o procurador Joaquim Moreira da Silva, da comarca de Almada, decidiu arquivar o processo relativo às mortes dos seis estudantes da Universidade Lusófona na praia do Meco - afogados na madrugada de 15 de dezembro de 2013, num fim de semana de preparação das praxes académicas. As críticas à decisão do magistrado acabaram agora com um processo-crime contra os pais das vítimas, que vão ser ouvidos como arguidos por difamação agravada e denúncia caluniosa. A chuva de críticas aconteceu porque os pais não se conformavam com os resultados da investigação ao caso e desde o início não entenderam as mortes dos filhos como um acidente – queriam que fossem imputadas responsabilidades ao ‘dux’, João Gouveia, único sobrevivente. O procurador prometeu na altura processar os familiares das vítimas e cumpriu. Mas os pais, por sua vez, sempre disseram que não tinham medo. Vítor Parente Ribeiro, advogado dos pais das vítimas, diz que "foram notificados em dezembro, um mês particularmente difícil porque fez três anos que os filhos morreram".

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