segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A 1ª Guerra Mundial e os bombardeamentos alemães no Funchal

PORTUGAL "OFERECE" A MADEIRA À ALEMANHA

"Madeirasache" para o império alemão 
Em 1903, Portugal autorizou a Alemanha a explorar a Ilha da Madeira. Um decreto do Governo concedia ao príncipe alemão Hohenlohe-Oehringen autorização para expropriar terrenos e explorar a edificação de sanatórios, sem quaisquer custos. “A esta concessão levantaram-se reclamações por parte de alguns proprietários que não queriam ceder os seus terrenos”.
A pretensão da Alemanha visava ficar com a ilha então considerada ponto estratégico no atlântico, à entrada do mediterrâneo e próximo de África. Ante a cobiça alemã e ao tomar conhecimento da cedência de Portugal, a Inglaterra faz ameaças ao governo português e pôs em causa a “velha aliança”. Acabou por ser a Inglaterra a abortar a decisão de Portugal, o que veio a criar sérios conflitos com a Alemanha.
Quem veio a sofrer com a incongruência do governo português foram os madeirenses. “A 3 de Dezembro de 1916, os alemães fazem o primeiro ataque à Ilha da Madeira, através de um torpedeamento de navios fundeados na baía do Funchal e de um bombardeamento à cidade.

Os prejuízos matérias e humanos foram elevados, saldando-se no afundamento de quatro navios, a canhoneira francesa "Surprise" de 680 toneladas, o porta-submarinos francês "Kanguroo" de 2.493 toneladas pertencente à casa Scheneider, o lança cabo submarino inglês "Dacia" de 1.856 toneladas e a barcaça portuguesa que estava a abastecer o "Surprise" de carvão.
Neste ataque morreram 33 membros das tripulações estrangeiras e 8 portugueses que trabalhavam na empresa Blandy que detinha o negócio do carvão. O ataque alemão teve início às 8:30 horas da manhã com o torpedeamento dos três navios das forças aliadas e uma barcaça de transporte de carvão, respectivamente, por ordem de torpedeamento, a "Surprise", a barcaça, o "Kanguroo" e o "Dacia", quando estes se encontravam ancorados no Porto do Funchal.
Na cidade instalou-se o pânico. Muitas famílias abandonaram as suas casas dirigindo-se para os subúrbios do Funchal. Outros ficaram porque não quiseram abandonar os seus bens a possíveis pilhagens, ou porque tinham familiares doentes e não queriam deixa-los. Receou-se que o submarino voltasse à noite, mas tal não aconteceu. O comércio fechou cedo e durante a noite as ruas foram patrulhadas por unidades do RI-27 e guardas cívicos.

Treze dias depois, a 16 de Dezembro de 1916, o submarino U38 voltou a bombardear o Funchal, não causando qualquer estrago nos navios que se encontravam fundeados na baía, causando o pânico entre a população.
A12 de Dezembro de 1917, a cidade do Funchal foi novamente bombardeada. O ataque iniciou-se às 6h e 20mn e durou cerca de 30 minutos. O submarino bombardeou uma área dispersa da cidade com cerca de 50 tiros para terra e, ao contrário do bombardeamento do ano anterior, causou a morte de 5 pessoas e ferimentos a 30 outras”.
Deste trágico e violento conflito, com prejuízos profundos e irreparáveis para os madeirenses, a Inglaterra saiu vencedora, ficando com as melhores parcelas de terrenos situados na zona sul da ilha. A "marca" inglesa na Madeira permanece até o presente.

A Ilha voltou a ser cobiçada por potências estrangeiras (americanos e russos), logo após a revolução de 1974. Portugal não cedeu mas nunca justificou de pleno direito os deveres que lhe assistiam (e lhe assistem) enquanto país colonizador. A Madeira cresce por si e em si, com os 260 mil residentes e os mais de 1,2 milhões de emigrantes.
PS: Textos compilados da imprensa madeirense e do livro "As relações luso-alemães antes da primeira guerra mundial". [ver Fonte]

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