«Um ataque à democracia.» pág. 187
Chega Maio de 2003 e o Paulo Pedroso, que está na direcção de Ferro, é preso preventivamente, suspeito de abuso sexual de menores.
«O Paulo Pedroso era um dos pilares de Ferro naquela direcção. Eu diria que era ele, o Vieira da Silva e o Pedro Adão e Silva. O Paulo Pedroso era a pessoa que o Ferro tinha escolhido para tratar da organização interna do partido. Quando a direcção do Ferro chegou ao poder dentro do PS, o partido tinha 80 funcionários que nem iam à sede, mas recebiam no banco o ordenado. Não faziam nada, tinham sido postos naquelas sinecuras por A,BeC-e o PS não tinha dinheiro. Uma das principais tarefas do Paulo foi portanto sanear as finanças do partido.
...
O processo Casa Pia chega ao PS em Maio de 2003. Como foi viver isso?
Um choque total. Estou com o Ferro numa reunião do PSF [Partido Socialista Francês] em Dijon, está também o José Pedro Pinto [assessor de imprensa do PS] e percebemos que o ferro está muito maldisposto, irritado. Estava mal e não dava sequer para conversar com ele.
-ele já sabia alguma coisa, e nós nem sonhávamos o que aí vinha. E quando chegamos a Lisboa há a cena da prisão de Paulo Pedroso [22 de Maio], mas não é só isso, é também ver a imprensa toda envenenada a publicar perfis do Paulo, mas também do Ferro. E nós sem percebermos nada, era uma coisa horrível. O ambiente dentro do PS torna-se muito tenso e houve erros--como aquela cena de júbilo pela libertação do Paulo Pedroso no Parlamento [Outubro de 2003]--,mas corresponde a muita emoção. Não percebemos nada daquilo, a coisa, é sinistra, é a pior acusação que se pode fazer a alguém, eu não percebia nada daquilo. Eu gostava do Paulo, sempre acreditei nele, nunca tinha visto rigorosamente nada que me indicasse aquelas sinistras acusações. Percebi que havia uma campanha organizada nos média. Comecei a fazer perguntas a amigos no sistema de Justiça e nos média e percebo que há um tipo chamado Pedro Guerra que é o principal divulgador da informação malévola. Mas não é o único...
Pedro Guerra, antigo jornalista de o Independente era na altura assessor de imprensa de Paulo Portas, ministro da Defesa.
Exacto. Trabalhava para o Portas. Mas também me apercebo que há mais gente.
Quer dizer quem?
Não. Só espero que essa gente ignóbil um dia tenha uma coisa ruim, se arrependa e confesse que andou a caluniar, e ao serviço de quem andou a caluniar. ...»
Extraído do livro: «ANA GOMES a vida e o Mundo.»
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