Orlando Villas-Bôas percorreu o Brasil, estabelecendo relações com povos indígenas, fundando cidades e abrindo caminhos importantes para o sertão brasileiro.
Orlando Villas-Bôas é um grande herói nacional, um homem que percorreu o Brasil, desbravando o sertão desconhecido à frente da expedição Roncador-Xingu, denominada Marcha para o Oeste. Ao lado de seus irmãos, Cláudio e Leonardo, fundou cidades, construiu pistas de pouso, abriu caminhos que serviram de base para construção de estradas importantes para a região.
Nessa incursão pelo Brasil distante do litoral, Villas-Bôas estabeleceu relações pacíficas com várias tribos indígenas, defendendo sempre a preservação de sua cultura. Para os irmãos Villas Bôas, os intrusos indesejáveis eram os brancos que ameaçavam os índios com sua presença.
Esta entrevista, em que o sertanista conta histórias pitorescas e até certo ponto inéditas, foi realizada no início de 2002 numa praia que se formou perto da boca do rio Jaú, um dos inúmeros rios que desaguam no Negro, o rio de águas escuras que banha Manaus. É uma praia efêmera que não resiste à chegada das chuvas e que não voltará a aparecer exatamente no mesmo lugar no período de seca seguinte.
Ao lado de seus irmãos, Cláudio e Leonardo, Orlando fundou cidades, construiu pistas de pouso, abriu caminhos que serviram de base para construção de estradas importantes para a região.
Nessa incursão pelo Brasil distante do litoral, Villas-Bôas estabeleceu relações pacíficas com várias tribos indígenas, defendendo sempre a preservação de sua cultura. Para os irmãos Villas-Bôas, os intrusos indesejáveis eram os brancos que ameaçavam os índios com sua presença.
Esta entrevista, em que o sertanista conta histórias pitorescas e até certo ponto inéditas, foi realizada no início de 2002 numa praia que se formou perto da boca do rio Jaú, um dos inúmeros rios que deságuam no Negro, o rio de águas escuras que banha Manaus. É uma praia efêmera que não resiste à chegada das chuvas e que não voltará a aparecer exatamente no mesmo lugar no período de seca seguinte.Orlando Villas-Bôas: Nasci em 12 de janeiro de 1914, em Santa Cruz do Rio Pardo, uma cidade do oeste paulista onde meu pai foi prefeito. Meus pais tiveram 11 filhos. Sou exatamente o do meio, o do meio do pelotão. Em 1920, o velho foi advogar na capital do Estado e trouxe toda a família. Fomos morar nas Perdizes, na rua Monte Alegre, bem em frente onde hoje é a PUC, na época um terreno íngreme e descampado que permitia enxergar, lá longe, a primeira fábrica construída naquela área pelo Matarazzo.
Por volta dos 8 anos, fui estudar no Grupo Escolar do Largo das Perdizes, mas a vida de meu pai era muito atribulada e ele matriculou os filhos Leonardo, Cláudio, Nélson e eu no “Ateneu Paulista” de Campinas. Era um colégio interno que exigia um representante responsável pelo aluno na cidade. Por questão de amizade com meu velho, a escolhida foi a baronesa de Campinas, uma senhora que nos mandava buscar todos os domingos e nos ensinava boas maneiras.
Campinas era a terra das andorinhas. No final da tarde, o céu ficava escuro, porque as aves toldavam todo o oriente. Era uma visão de fantástica beleza! Depois de uns tempos, as andorinhas desapareceram. Acho que as comeram todas.
Embora tenhamos voltado a morar em São Paulo, tínhamos uma formação interiorana. Meu pai tinha sido também prefeito de Campos Novos de Paranapanema, cidade do Estado de São Paulo famosa pela produção de laranjas, fruta de exploração trabalhosa. É preciso colher uma por uma, com cuidado, sem machucar. Consequentemente, os fazendeiros dependiam de muita mão de obra. Por isso, dois proprietários espanhóis decidiram arrebanhar índios para trabalhar nos laranjais e viajaram a Mato Grosso de onde trouxeram 53 índios terenas a pé até Campos Novos.
Meu pai ficou indignado. Mandou prender os espanhóis e colocou os índios no tribunal do conselho, um terreno nos fundos da prefeitura onde eram recolhidos os animais que perambulavam soltos pelas ruas. O velho fez construir um galpão para abrigar os índios até ter tempo de organizar uma expedição que os levasse de volta à terra natal. Veja que o assunto índio começou bem cedo na vida da gente. Na verdade, antes mesmo de eu ter nascido.
O tempo foi passando. Meu pai tinha uma casa comissária em Santos, advogavaem São Paulo e a família gozava de situação financeira folgada. Tínhamos sido transferidos para o “Colégio Paulista” do professor Rocha Campos na capital, mas veio a crise do café e a vida mudou.
Orlando Villas-Bôas: Certo dia, apareceram na fazenda da família em Cândido Mota um médico e um menino. Quem passava por lá tinha quase obrigação de conhecer meu velho. Enquanto conversavam, meu pai mandou que levássemos o menino passear na represa cuidando para que não entrasse na água se não soubesse nadar. Assim foi feito. Trinta anos mais tarde, recebemos uma visita no Xingu recomendada por um primo que era farmacêutico em Cândido Mota: “Esse sujeito, o menino que vocês levaram brincar na represa, é o atual prefeito de São Paulo”.
Conversa vai, conversa vem, contei-lhe a história do garoto que fora com o pai visitar o velho. “Que engraçado, pois comigo aconteceu coisa parecida”, observou ele. “É claro, a história é a mesma porque as personagens são as mesmas”, disse-lhe eu. Ficamos amigos daíem diante. Jânio visitou o Xingu várias vezes e criou o Parque Nacional do Xingu, talvez a única reserva indígena que funciona a contento até hoje. ... Veja toda a história AQUI
O mesmo jornalista, desta feita sem a esposa, foi quem tornou mundialmente conhecidos também os irmãos Villas Bôas ao reportar sobre eles num exemplar da revista Seleções do Reader`s Digest, em julho de 1968.
O dia do índio já passou, mas quero aqui transcrever a reportagem completa do jornalista para que se conheça a força de propósito desses aguerridos irmãos brasileiros e que a Humanidade encontre algum dia um modo de homenagear para sempre.
Orlando nasceu em 1914 e faleceu em 2002; Cláudio nasceu em 1916 e faleceu em 1998; Leonardo nasceu em 1918 e faleceu em 1961).
Assim.....
Ver e estudar mais AQUI
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