Alberto João Jardim está à frente do Governo Regional da Madeira desde 1974. Por si, já passaram vários presidentes, primeiros-ministros e ministros. Jardim cruzou-se com praticamente todos os protagonistas da História portuguesa do pós-25 de Abril e ele parece ser o único que não saiu do sítio. A que se deve tal êxito na Madeira?
Albino Ribeiro Cardoso é um jornalista português. Logo na declaração prévia avisa que este é um trabalho de um cidadão, que por acaso é jornalista… … E a tarefa consiste em demonstrar a fraude que o regime de Alberto João Jardim, a chamada “Madeira nova”, é.
Entre os factores que propiciaram o sucesso de Alberto João Jardim temos:
1. O facto da Madeira ser um arquipélago de ilhas, separadas de Portugal e mais perto da costa africana que da Portuguesa.
Os seus habitantes têm desenvolvido o “complexo de ilha”, ou seja, sentem estar separados do país, e imunes aos seus problemas e soluções do mesmo.
2. Como consequência dessa separação, desse isolamento, dessa insularidade, a sobrevivência torna-se mais dura, o que molda o carácter dos residentes.
3. A pobreza reinante há séculos no arquipélago, resultado das inúmeras políticas económicas portuguesas que deram errado, e que tiveram como consequência grandes fomes.
Esta pobreza impeliu muitos madeirenses a imigrar, desde o século XIX, para os Estados Unidos (a maioria), África do Sul, Venezuela e Grã-Bretanha.
4. A família a que pertence Alberto João Jardim e as suas características pessoais e formação.
O líder do governo regional era neto de um militar, Domingos Cardoso, conhecido na Madeira pela sua caridade (co-fundador do Associação Protectora dos Pobres, mais conhecida pela “Sopa do Cardoso”) e por ser um salazarista convicto (convivia com adeptos confessos do nazismo, entre eles o
visconde de Porto da Cruz). Esse avô teve muita importância na sua formação. Outra personagem importante foi o pai, boémio e popular, de quem Jardim herdou algumas características. Pai e avô eram um contraponto um do outro, mas com a morte do pai, em 1954, esse equilíbrio desapareceu. Ficaram a mãe e o avô que lhe impunham regras severas, ao mesmo tempo que o mimavam.
A acção deste tio foi decisiva. Primeiro, ao “amaciar” a vida do sobrinho. Por exemplo: quando chegou a altura do ensino superior, conseguiu entrar na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e ficar numa casa da Mocidade; não precisou de ir combater na Guerra Colonial, ficando antes na Madeira na Acção Psicológica militar (uma vaga que também apareceu inopinadamente) e a dar aulas num liceu. Depois, como mentor da ascensão meteórica, colaborando com o bispo Francisco Santana para o sucesso das suas ideias políticas. De notar que mesmo depois do 25 de Abril, Agostinho Cardoso continuou a ter grande influência politica na Madeira.
5. O papel da igreja católica.
O bispo Francisco Santana chegou à Madeira no pós-25 de Abril e foi uma influência importantíssima. Definiu uma estratégia que seguiu à risca: ter os católicos na rua constantemente, contra o comunismo e contra qualquer poder instalado em Portugal, a raiar o separatismo. Mas como era necessário escolher alguém a quem apoiar na configuração partidária que saiu da revolução, foi escolhido o PPD (hoje PPD-PSD). O CDS foi descartado porque «percebeu que não se devia aliar com os velhos donos dos engenhos, os proprietários da terra com quem o povo tinha uma relação de ódio». Depois de algum tempo, Alberto João Jardim foi escolhido para redactor principal (cargo com características de subalterno em relação ao bispo) do
Jornal da Madeira. E o bispo queria um jornal político, não um jornal paroquial.
Depois da sua morte, em 1982, Jardim passou de dominado a dominador. Os bispos seguintes, Teodoro Faria e António Carrilho não tem tido outra alternativa senão colaborar com Alberto João Jardim. Disponibiliza grandes subsídios para obras em igrejas como forma de pagamento pelo afastamento dos padres incómodos e de outros favores. Diz-se também que fez chantagem com as orientações sexuais de Teodoro Faria (3).
6. O 25 de Abril e suas consequências. Foi um momento traumático para Alberto João Jardim, mas do qual soube tirar dividendos.
Foi traumático porque teve de lutar para estar de novo do lado do poder. Mas foi uma oportunidade que não perdeu.
É nesse contexto que aparece a
FLAMA – Frente de Libertação do Arquipélago da Madeira (2). A sua actividade começou em 1975 (o ano mais “quente”) e terminou em 1978 (altura em que Alberto João Jardim substituiu
Jaime Ornelas Camacho). As verdadeiras relações da FLAMA com Alberto João Jardim provavelmente nunca serão conhecidas. O certo é que depois de 1978 a organização desapareceu, tendo os seus membros caído na “clanestinidade”.
Durante o ano de 1975, deitaram bombas em vários locais da Madeira (chegando mesmo a matar um militar) para matarem opositores (a quem chamam indiscriminadamente de comunistas), ocupam casas, criaram uma moeda própria (o Zarco), uma bandeira e um hino.
Impedem a passagem de certas pessoas em certas localidades através da instituição de um «cartão de identidade obrigatório para poder arranjar trabalho localmente» (numa reedição dos esquemas do Estado Novo) e divulgam comunicados de guerra. Tudo isto perante o silencio das autoridades e do PPD locais.
Nestas circunstâncias, fora do Funchal a esquerda não pode praticamente fazer comícios e mesmo o CDS viu-se aflito para fazer meia dúzia. O primeiro foi em 1976. Muitas acções de campanha terminam, aliás, à pancada.
O representante de Portugal na Madeira da altura, o tenente-coronel
Carlos de Azeredo, estranhamente nunca prendeu ninguém dessa organização.
Por essa altura Alberto João Jardim, vendo-se boicotado pela maioria dos seus alunos, criou uma forma de sair por cima. Meteu baixa médica graças ao tio ao mesmo tempo que continuava a ir à escola, com a cumplicidade do director, sumariar aulas. No fim do ano convocou os alunos para exames orais e só passou os apoiantes. Mais tarde, gabar-se-ia disso.
(1) Embora os seus estatutos fossem de uma associação cívica, era o único partido permitido pelo regime fascista que terminou em 1974. A ANP resultou da redenominação e reorganização da União Nacional, por decisão tomada pelo V e último congresso desta organização política, realizado em Fevereiro de 1970, no Estoril.
(2) Organização terrorista e paramilitar, cujo principal objetivo era a independência do arquipélago da Madeira.
(3) Durante o consulado de Teodoro Faria aconteceu o
caso do Padre Frederico. Frederico Cunha era secretário pessoal do bispo. Em 1993 foi condenado por pedofilia e homicídio, fugindo depois da Madeira para o Brasil. Alberto João Jardim defendeu-o na altura afincadamente.
(FONTE)
À falta de quorum vão-nos relembrando a verdadeira (boa) história da Madeira. Os comunas sempre foram lebres, por isso nunca chegaram à meta nem nunca chegarão.
ResponderEliminarFoda-se !!!!! democrata e autonomista , o barão do pincel !!!!
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