Antiga eurodeputada aponta libertação de Rui Pinto como o início de "uma nova era de cooperação"
O fim da prisão preventiva de Rui Pinto é o primeiro passo para "uma nova era de cooperação" no combate à grande criminalidade, no entender da ativista Ana Gomes.
Em entrevista ao Porto Canal, a antiga eurodeputada salientou que as autoridades portuguesas podiam ter ido à Hungria "obter a colaboração" de Rui Pinto, "como fizeram as belgas, holandesas e francesas".
"As autoridades portuguesas escolheram não o fazer, escolheram atuar a mando de um fundo baseado em Malta chamado Doyen, um fundo altamente suspeito que está prestes a ser investigado em Espanha, e escolheram prendê-lo durante um ano", acusou.
Ana Gomes destacou o "extraordinário potencial de cooperação com a justiça" que Rui Pinto "sempre quis ver explorado" e que, até agora, "tinha sido recusado pelas autoridades".
"Rui Pinto sempre quis colaborar, chegou a fazer denúncias anónimas e viu que não eram investigadas, foi por isso que depois usou os canais do Football Leaks, teve um papel extraordinário em todo o processo do Luanda Leaks", argumentou.
Com o "extraordinário manancial de informação" recolhida por Rui Pinto, nos dez discos que as autoridades não conseguem desencriptar, esta "nova era de cooperação" apresenta-se como "fundamental" para os portugueses.
"Agora que estamos a ver como precisamos de recursos, não podemos continuar com os níveis de crime económico e fiscal do passado. É fundamental o trabalho que as autoridades façam com Rui Pinto para recuperar ativos e impedir o prosseguimento desse tipo de atividade criminosa", insistiu a ativista contra a corrupção.
O hacker encontra-se agora em prisão domiciliária, à guarda da Polícia Judiciária, uma "obrigação" das autoridades depois de o terem extraditado da Hungria.
"Estando em Portugal e a aguardar julgamento, é normal que esteja sob mais rigorosas medidas de segurança", reforçou.
Um jugalmento que "vai ser uma grande oportunidade para se saber muita coisa que ainda não se sabe" e abre a porta à recuperação de ativos "ligados à criminalidade organizada que está por trás dos offshores, dos esquemas de branqueamento de capitais, de fraude e evasão fiscal".
"Por isso é que a sua segurança é mais importante do que nunca", insistiu.
"Finalmente, houve bom-senso, houve alguém que entendeu que isto de facto era muito mau para a imagem e credibilidade da justiça em Portugal e [as autoridades] chegaram a entendimento com os advogados de Rui Pinto e com o próprio", concluiu Ana Gomes. (fonte)
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