Governos estão a aproveitar Covid-19 para avançar na "arquitetura da opressão", alerta Edward Snowden
Leis de emergência que perduram bem após o fim da emergência, vigilância acrescida e populações localizadas, identificadas e, até, diagnosticadas, por smartphones. A pandemia, segundo Edward Snowden.
Leis de emergência e de limitação às liberdades que têm o teimoso hábito de perdurar bem depois de a emergência desaparecer, cidadãos que aceitam cada vez mais uma vigilância acrescida a troco de uma pretensa sensação de segurança e, até, populações inteiras geo-localizadas, identificadas e diagnosticadas pelos smartphones que trazem no bolso e, quase sempre, nas mãos. Edward Snowden, famoso denunciante das técnicas de vigilância estatal da norte-americana NSA, traça um quadro negro sobre aquilo que uma pandemia como a Covid-19 pode significar para as liberdades individuais e para a democracia. E lança um alerta: muitos governos vão – ou, melhor, já estão a – aproveitar esta pandemia para avançar na “arquitetura da opressão”.Numa longa entrevista à Vice, Snowden insurge-se contra a perceção que existe de que esta era uma pandemia imprevisível que apanhou o mundo completamente desprevenido. “Não há nada mais previsível do que uma crise de saúde pública num mundo em que vivemos uns em cima dos outros em cidades populosas epoluídas“, diz Snowden, acrescentando que “qualquer académico, qualquer investigador que tenha olhado para isto sabia que algo assim acabaria por vir. Aliás, até mesmo as agências secretas governamentais – e eu posso garantir-vos isso, por experiência própria – leram vários relatórios a antecipar um acontecimento como uma pandemia”.
Nesta fase, poucas pessoas estão a falar sobre o mundo pós-Covid-19, porque “estamos todos com medo” do contágio. Mas Snowden, na linha das posições que tem assumido nos últimos anos, depois de se ter identificado como o autor de várias fugas de informação sensível, avisa que as pessoas têm, ao mesmo tempo, de estar conscientes daquilo que está a ser feito por vários governos, dos mais assumidamente autoritários até… aos outros.
À medida que o autoritarismo se alastra, que as leis de emergência proliferam, à medida que nós sacrificamos os nossos direitos também estamos a sacrificar a nossa capacidade para deter o avanço no sentido de um mundo menos liberal e menos livre”, lembra Snowden. (observador)
Os direitos não estão, nem podem estar, de quarentena
O Estado de Emergência está a ser aproveitado por aqueles que vêem nesta situação uma oportunidade para aumentar a exploração e apropriar-se dos recursos do Estado e da Segurança Social.
A afirmação, de Jerónimo de Sousa, foi feita na tarde desta segunda-feira, numa declaração sobre a situação que estamos a enfrentar, «um tempo de grandes complexidades e incertezas».
Solidarizando-se com «todos os que, em condições muito difíceis, confrontados muitas vezes com carência de meios e arriscando a sua saúde, travam um combate para salvar vidas», o secretário-geral do PCP considera que, face à realidade que se vive, a «necessidade de medidas excepcionais de protecção da saúde e da vida» não se pode transformar «em arma de arremesso para atropelar direitos e garantias dos trabalhadores».
O líder comunista, para quem «a solução do problema de saúde tem consequências pesadas e está já a colocar dificuldades muito grandes a milhares de pessoas e famílias», deixou uma «palavra de alento a todos quantos têm sentido as dificuldades que esta situação impõe», nomeadamente «nas condições de vida, no emprego e no salário, no isolamento ou na solidão».
«As medidas de prevenção e contenção social podem e devem ser asseguradas e verificadas sem necessidade de imposição do Estado de Emergência, que, no essencial, apenas tem acrescentado mais limitações a direitos, liberdades e garantias, em particular dos trabalhadores», sublinhou.
Jerónimo de Sousa afirmou ainda que, se é verdade, por um lado, que o vírus é perigoso e mata, por outro, não é menos verdade que «despedir abusivamente, cortar salários, desregular horários de trabalho, negar protecção social a sectores mais vulneráveis, também destrói vidas».
Por fim, relembrou que, da mesma maneira que «a reposição de direitos e de salários, a valorização das reformas e pensões e das respostas sociais melhoraram a economia, aumentaram o emprego e o País progrediu», o futuro é «defender e valorizar os salários, as pensões e os direitos», criar emprego e produzir, libertando o País «das amarras impostas pela União Europeia e pelo euro», e afirmando «o nosso direito ao desenvolvimento económico soberano». (fonte)
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